As motocicletas e os acidentes de Trânsito: Problema de Saúde Pública
Em 2001 o Ministério da Saúde editou uma portaria intitulada Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências, que contém entre as diretrizes, o monitoramento da ocorrência de acidentes e de violências, a promoção da adoção de comportamentos e de ambientes seguros e saudáveis e o apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas. O Órgão reitera, ainda, que os acidentes de trânsito e as violências são um
grave problema de saúde pública no Brasil, fazendo anualmente milhares de vítimas e onerando os cofres públicos com gastos em tratamento às suas vítimas.
Nos últimos anos houve um expressivo aumento no número de motocicletas nos centros urbanos brasileiros. No estado do Rio Grande do Sul, especificamente, quase dobrou o número deste tipo de veículo entre os anos de 2004 e de 2010, passando de 498.654 para 929.824 unidades. As motocicletas, no final do ano de 2010, já representavam 19,82% dos veículos em circulação no estado, na cidade de Pelotas esse número sobe para 25,3%.
Este acréscimo traduziu-se em aumento dos acidentes envolvendo motocicletas, especialmente nas rodovias municipais, onde o número de acidentes fatais supera o de quaisquer outros tipos de veículos. De fato, entre os anos de 1998 e 2008 o número de mortes em acidentes envolvendo motocicletas sofreu um aumento de 754% . Além disso, em acidentes com lesões, a taxa entre motocicletas é de 301/10000, enquanto entre automóveis é de apenas 106/ 10000.
Salienta- se ainda o tipo e a gravidade das lesões, com predominância de fraturas de membros inferiores, seguida dos membros superiores e lesões cerebrais. A maioria dos
acidentes com motociclistas resulta em internação hospitalar, gerando gastos em saúde que
triplicaram na última década, chegando a mais de 40 milhões de reais anuais.
As lesões decorrentes dos eventos traumáticos resultam, frequentemente, em deficiências e incapacidades temporárias ou permanentes, que interferem na capacidade das vítimas sobreviventes cumprirem tarefas que delas são esperadas, assim como na qualidade de suas vidas . Os dados estatísticos do Departamento de Trânsito apontam a ocorrência de 27.741 acidentes com lesões no ano de 2010 somente com motociclistas.
Estudos
Estudo transversal realizado em hospital de trauma de Fortaleza-Ceará encontrou entre as vítimas internadas 79% de condutores e 21% de passageiros de motocicleta, incluindo o grupo de caronas, portanto, no risco de acidentes . Da mesma forma, ao mapear o total de
mortos em acidentes de trânsito em Maringá, no estado do Paraná, encontrou-se 34% de
vítimas usuárias de motocicleta, sendo 28% condutores e 6% passageiros.
mortos em acidentes de trânsito em Maringá, no estado do Paraná, encontrou-se 34% de
vítimas usuárias de motocicleta, sendo 28% condutores e 6% passageiros.
Um estudo sobre comportamento de risco para acidentes, realizado em Londrina -PR, entre jovens estudantes de Medicina, revelou que a falta de atenção (59,3%), o desrespeito à sinalização (33,5%) e o excesso de velocidade (22,5%) foram os fatores mais citados como determinantes para a ocorrência do último acidente, sem diferença entre os sexos.
Assim, em que pese os avanços trazidos pelo CTB em relação à segurança dos condutores e passageiros de motocicleta, observa-se que o significativo aumento do número deste tipo de veículo tem gerado sensíveis mudanças no controle das taxas de acidentes, o que pode indicar a necessidade de novas políticas de segurança.
A predominância dos acidentes na faixa etária mais jovem, especialmente o sexo masculino, é corroborada em diversos estudos. Mais de 50% das mortes por acidente de trânsito são de pessoas jovens, com idade compreendida entre 15 e 44 anos de idade, correspondendo ao setor mais produtivo da população do ponto de vista econômico. Os principais motivos na origem desses casos são a falta de experiência desse grupo, a velocidade excessiva, o uso de álcool e substâncias ilícitas e as constantes infrações ao Código de Trânsito Brasileiro
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